Opostos Complementares: Integração e Alquimia
Feminino e Masculino são termos hoje associados aos gêneros, porém há milhares de anos esses termos também são vistos como energias complementares que existem em tudo no universo, inclusive dentro de nós, precisamos aprender mais sobre a amplitude desses arquétipos e como lidar com esses “opostos complementares”.
Você já ouviu falar de Anima e Animus?
Segundo Jung todas as pessoas, independente de gênero, possuem anima e animus. Simplificando a Anima seria o feminino inconsciente das pessoas e o Animus seria o masculino inconsciente.
É mais comum observar nas mulheres uma consciência feminina e um inconsciente masculino (Animus), assim como nos homens é mais comum o contrário, um consciente masculino e um inconsciente feminino(Anima), porém isso não é uma regra.
Simplificando o que importa é que, se uma pessoa desenvolveu aspectos mais “femininos” em sua personalidade consciente, significa que ela reprimiu aspectos “masculinos” para seu inconsciente, e vice-versa.
Todos os seres tem ambas as energias. Na tradição chinesa chamam essas polaridades de YIN e YANG, energias que juntas foram tudo que existe no universo.
O problema é que nossa sociedade impõe um determinado padrão de comportamento para cada gênero, e assim acabamos por não equilibrar essas energias dentro da gente, mas pelo contrário desequilibrar, exaltando uma e reprimindo a outra.
Quando reprimimos algo, aquilo se torna inconsciente e consequentemente se torna algo “sombrio“.
Sombrio no sentido de que não estamos vendo com clareza, não estamos iluminando, e se não estamos vendo não sabemos como lidar.
E quando não sabemos como lidar com algo o que acontece? Medo, negação, repulsa, ridicularização, entre outras coisas.
Fazemos de tudo para negar o que não sabemos lidar, porque temos medo do que não está sob a nossa ilusão de controle.
E então nos relacionamos com o outro. No outro conseguimos ver com clareza todos os aspectos que não vemos em nós.
Porém se não sabemos lidar com aquele aspecto em nós, se negamos ou reprimimos ele, como vamos saber lidar com aquele aspecto no outro?
Não sabemos! E o que acontece? O mesmo processo: medo, negação, repulsa, etc.
É claro que algumas pessoas podem ter determinados aspectos exacerbados em sua personalidade, como uma agressividade exagerada ou um sentimentalismo exagerado, porém isso acontece exatamente pela falta de equilíbrio nessa relação interna entre as energias Yin/Yang (feminino/masculino).
Se reprimimos demais um aspecto que é natural a todos os seres acabamos por exacerbar demais outros aspectos, é uma balança, se você tira peso de um lado, ela sobe do outro. Simples assim.
E é por isso que nossa sociedade anda tão desequilibrada na forma como lida com essas energias, isso é apenas um reflexo externo do que está acontecendo dentro de nós.
“A psique busca de forma tão intensa a união dos opostos e a integração que quando ficamos ‘polarizados’ demais, ou seja, quando manifestamos apenas uma polaridade e negligenciamos outra, ela tende a nos forçar a manifestar o lado reprimido num processo chamado ‘enantiodromia’.
Apesar de o nome ser complicado, este termo criado pelo filósofo Heráclito nada mais é do que a ideia de que quando uma grande força é gerada numa direção, uma força de mesmo valor é criada na direção oposta.” (artigo do blog http://antharez.com.br/)
Jung também percebeu que nós atraímos exatamente aquela pessoa que possuí claramente os aspectos que negamos e reprimimos em nós.
Atraímos o nosso “oposto complementar”. Oposto porque acreditamos que não somos nada daquilo, já que negamos em nós, jogamos pro inconsciente e não olhamos.
Complementar porque na verdade aquilo tudo está lá, no nosso inconsciente e é exatamente a parte que nos falta, para qual devemos olhar e integrar para nos tornarmos completos.
Que linda essa oportunidade que temos dentro de um relacionamento, seja ele qual for, se estivermos conscientes de que o outro está ali o tempo todo nos mostrando aspectos nossos, que não seríamos capazes de ver sozinhos!
Mas o incomodo muitas vezes fala mais alto, e nos leva a praticamente entrar numa guerra com aquilo que não compreendemos sobre os outros.
E a guerra só afasta mais a integração, interna e externa. Passamos a ver o que é diferente como “inimigo” ou “ameaçador” de alguma forma, e assim só nos distanciamos mais de integrar essas energias dentro de nós.
O exagero da unilateralidade em relação a essas energias YIN e YANG é extremamente prejudicial tanto individualmente quanto socialmente.
As pessoas esquecem que o real é interno e não externo. O que acontece na sociedade é apenas um reflexo da forma como nós nos sentimos internamente.
Enquanto existir um abismo interno em quase todos os seres humanos entre as energias YIN e YANG existirá um abismo externo entre essas energias.
Enquanto a verdade é que uma nem existiria sem a outra. Elas precisam se complementar para existir plenamente.
“Não há positivo sem sua negação. Apesar da extrema oposição, ou por isso mesmo, um termo não pode existir sem o outro. É exatamente como formula a filosofia chinesa: yang (o princípio luminoso, quente, seco e masculino) contém em si o geme do yin (o princípio escuro, frio, úmido e feminino), e vice-versa” (JUNG, 2007)
Precisamos enxergar de uma vez por todas que a totalidade é objetivo final dessa luta. E a totalidade só vem através da integração. E a integração só vem através da compreensão. E a compreensão só se da através do Amor.
Precisamos parar de repelir a energia que acreditamos ser “contrária” a nossa, e entender que ela também está presente em nós e que integrando ambas é como encontraremos o equilíbrio, tanto pessoal quanto social.
Não se trata de igualdade, porque essas energias não são iguais de fato! Se trata de complementariedade. Essas energias se complementam e juntas formam um todo.
Precisamos estar mais conscientes de quem somos e mais conscientes dentro das nossas relações. Uma relação consciente é compreender o outro como ele realmente é, sem julgamentos, e numa troca constante, saber onde cada sombra do outro está presente em você mesmo, e onde cada sombra sua está presente no outro.
Para isso é necessário se ver e ver o outro, sem julgamentos, sem preconceitos, sem limitações. Estando os dois conscientes, os dois passam a iluminar um ao outro e assim se transformam e se complementam.
E assim como todas as coisas vieram do Um, assim todas as coisas são únicas.
Isso não é uma novidade, os antigos alquimistas já chamavam de “Casamento Alquímico” a operação alquímica considerada a mais poderosa de todas, a que era capaz de gerar a tal “pedra filosofal” que seria o grande objetivo final dos alquimistas, a vida eterna.
Uma grande metáfora para o encontro de si mesmo, do “Self”, sua verdadeira natureza, ou sua verdadeira Vontade, como quiser chamar.
Esta operação era representada pela união de uma figura masculina, como um Rei ou um Sol, com uma figura feminina como uma Rainha ou a Lua.
“Após uma vivência de muitos anos no rico mundo da psique, aprendendo suas leis, Jung notou uma enorme força evolutiva atuando no universo psíquico. Ele percebeu que a psique humana desenvolve um esforço constante em busca da totalidade um esforço no sentido de se completar e se tornar mais consciente. O inconsciente procura transferir o seu conteúdo para o nível da consciência, onde pode ganhar existência e ser assimilado, formando uma personalidade consciente mais completa. A psique de cada indivíduo tem um estímulo inerente para evoluir, para integrar os elementos do inconsciente, juntando as partes que ainda faltam ao indivíduo total para formar um self completo, pleno e consciente.” (JOHNSSON, 1993)
E fica a questão:
Porque ainda estamos desperdiçando tanto potencial com a fixação em diferenças e antíteses?
O caminho da união e da integração é único capaz de promover uma real transformação. E a transformação começa de dentro. Ela é interna e só depois é refletida no externo.
Olhem mais para si mesmos.
Será que você tem os princípios YIN e YANG integrados dentro de você?
E será que você está refletindo isso no mundo?
Será que você estabelece uma relação consciente nos seus relacionamentos?
“O verdadeiro Amor não tem oposto. Se o seu amor tem oposto então ele não é amor, mas uma grande necessidade do seu ego.” (Eckhart Tolle)
Texto: Vanessa Martins
Adorei se artigo. É muito bom, aproveitei algumas ideias para desenvolver uns projetos aqui. Parabéns.
Que ótimo Chris,
é muito bom poder ajudar.
Abs
Adorei o texto. Essa terapeuta é freudiana e o texto eé junguiano
??
Ela é Junguiana Nora.
Abs
Olá Lino, estou em formação em Terapia Sistêmica de Casal e Familia.
Mas não consigo me afastar de Jung. Encontrei em um site livros de
Familia e Casal com fundamentos Junguianos. Estou bem enlouquecida querendo ler o que posso.
Que legal Carla!!!!
realmente Jung pode contribuir muito!
Ah! E o Byington também pode contribuir muito!!!!
Dá uma olhada:
http://portalcarlosbyington.com.br/
Abs,
Lino