Jung foi uma pessoa que viveu a frente do seu tempo.
O materialismo científico imperava, onde, apenas a matéria é admitida como realidade. A Ciência era resultado de um processo físico e químico e o pensamento, a consciência é apenas um produto do cérebro.
Ele era considerado místico e era muito criticado. O terapeuta precisava se enquadrar, mas ele não deixava de viver a sua verdade e escrevia aquilo que acreditava. A Psicoterapia tinha enfoque na patologia. A pessoa vinha para se tratar de algum problema ou alguma doença, ou seja, fazer terapia “era coisa para doido”.
Hoje, vivemos num momento em que o materialismo está dando lugar ao contexto integrativo, onde os sistemas estão integrados, matéria, energia e psique não são totalmente separadas, algo que Jung já falava desde aquela época, por isso considerado místico e que hoje, a física já estuda experimentalmente.
Numa de suas cartas a Pauli, físico que foi seu paciente, com quem trocou mais de 80 cartas:
– A mente (psique) não pode ser totalmente diferente da matéria, pois de que maneira ela poderia mover a matéria? A matéria não poderia ser estranha à mente, pois como ela poderia produzir a mente? Matéria e alma existem no mesmo mundo, e cada uma compartilham com a outra.
Ideias que para nós podem parecer óbvias, mas que para a maioria das pessoas não. Com isso, a ação terapêutica ampliou. O terapeuta é aquele que conduz o indivíduo a se ver e trilhar um caminho de melhora na sua vida em vários aspectos.
Considero o Jung como o pioneiro na psicologia que rompeu com a ideia de que as sombras inconscientes são problemas psíquicos. Ele trouxe a abordagem que tem como meta a individuação, uma ideia de que saúde e autorrealização são os caminhos do ser humano plenificado.
” Uma pessoa não se torna iluminada ao imaginar formas luminosas, mas sim ao tornar consciente a escuridão.” (Jung)
Assim, a terapia em si, traz o conhecimento de verdades mais profundas, onde podemos nos enxergar e saber qual melhor caminho tomar, como melhorar minha relação conjugal, com minha profissão, com meu filho, por exemplo.
É um caminho de beleza e dor, onde encontramos as nossas maiores potencialidades, mas também reconhecemos nossos maiores desafios. Não é coincidência uma das mais conhecidas frases de Jung tratar exatamente disso:
“Aquele que olha para fora sonha. Mas o que olha para dentro desperta”
Mas a verdade é que a maioria das pessoas ainda não sabe disso. Muitos têm preconceito de fazer terapia, dizendo “não precisa chegar a tanto, não estamos com tantos problemas assim”, ainda alicerçados no conceito antigo de que terapia é para tratar doenças psíquicas. Também é, mas não é só isso.
Nós vivemos num momento de transição de pensamento, de uma mudança social e a prática da terapia também vem acompanhando esse processo.
Consegue imaginar como seria a nossa profissão se as pessoas passassem a considerar o nosso trabalho como uma forma de viver uma vida melhor não só quando tudo dá errado ou quando se alcança o fundo do poço?
Qual é o nosso papel nessa mudança? Seria ficarmos somente dentro dos nossos consultórios?
Jung traz um olhar sobre como acontecem as mudanças sociais:
“De hábito, as mudanças profundas na história são atribuídas exclusivamente a causas exteriores. Contudo, estou convencido de que as circunstâncias exteriores frequentemente são por assim dizer meras ocasiões para que se manifeste uma nova atitude perante a vida e o mundo, preparada inconscientemente desde longa data”
“Condições sociais, políticas e religiosas gerais afetam o inconsciente coletivo, no sentido de que todos aqueles fatores que são reprimidos na vida de um povo pela concepção do mundo ou atitudes predominantes se reúnem pouco a pouco no inconsciente coletivo e ativam seus conteúdos.”
“Em geral, um ou mais indivíduos dotados de intuição particularmente poderosa tomam consciência de tais mudanças ocorridas no inconsciente coletivo e as traduzem em ideias comunicáveis.”
“Estas ideias se propagam rapidamente, porque ocorreram também mudanças semelhantes no inconsciente. Há uma disposição geral a aceitar as novas ideias, embora, por outro lado, elas encontrem também uma resistência violenta.”
“As ideias novas não são apenas inimigas das antigas; elas surgem, em geral, também sob uma forma praticamente inaceitável para a antiga atitude.”
Jung foi a pessoa precursora que trouxe ideias novas, a frente do seu tempo, que foram praticamente inaceitáveis para a antiga atitude. E ainda são. Mas ele trazia outro princípio fundamental, a relação. Conhecemos essa ideia no contexto da terapia, quando pessoas se relacionando são espelhos um do outro, podendo se ver.
E será que isso acontece só na terapia? Jung se relacionava com muitas pessoas e isso foi de importância fundamental para o seu crescimento como pessoa e desenvolvimento da sua teoria.
Como está a nossa relação com o universo fora do consultório? O quanto estamos determinados e atuantes em “traduzir em ideias comunicáveis” esse novo paradigma de que terapia pode ser para as pessoas comuns e não só para quem está doente. E eu não estou dizendo para você escrever livros ou algo assim, mas para te instigar a reconhecer qual é o seu universo de ação e te convidar a refletir como está a sua atuação.
Seu vizinho sabe que você é terapeuta, que ajuda casais a terem um melhor relacionamento ou adolescentes a reconhecerem suas emoções, por exemplo?
Temos um estigma sobre falar do que fazemos, divulgar, “vender”. O que me moveu a escrever esse texto foi entender que comunicar o que eu faço e penso para as pessoas ao meu redor é um ato de amor a elas e uma forma de ser alguém atuante na mudança desse paradigma social. Mas isso, não pode ser de qualquer maneira, precisa ser da forma que a pessoa entenda e que esteja dentro dos meus princípios. Para isso, eu não posso falar segundo a minha perspectiva, eu preciso entender a perspectiva dela para dizer como posso ajudá-la.
E o primeiro passo é ter clareza do que eu faço pelas pessoas, mas falar de uma maneira que ela entenda, sem nenhum termo técnico. Para você pode parecer óbvio, mas já tentou colocar no papel e escrever?
Adianta dizer que você ajuda as pessoas a elaborarem as imagens do inconsciente? Acredite, eu já fiz isso. E numa dessas vezes, eu disse isso para uma pessoa que ficou me olhando com os olhos arregalados. Percebi que “maluca” foi a ideia mais sutil que ele estava fazendo de mim. Mas ele não ficou com isso na cabeça, ele disse que me achava “maluca” e para minha “sorte”, ele é uma pessoa especializada em comunicação.
Eu quis saber mais e fui aprender com ele. Foi quando eu conheci a comunicação humanizada, uma maneira diferente de comunicar minhas ideias e me relacionar com o universo “fora do consultório.”
Aprendi que divulgar, vender, representa um ato de se importar com as pessoas. Ao comunicar o que eu faço, a consequência será que mais pessoas saberão dessa nossa realidade, tendo mais procura por clientes, aumentando a possibilidade de ajudar e criando maior satisfação profissional e financeira.
Você deve estar pensando que divulgar pode ferir o código de ética da sua profissão. Eu te digo que comunicar de maneira humanizada é encontrar a sua maneira, adequada aos seus valores. Você vai “destravar” e romper com a ideia de que não sabe divulgar ou vender.
Eu sei que parece um universo novo e complicado porque fomos ensinados na faculdade a trabalhar “da porta para dentro” e fazer cartão de apresentação para dar para algumas pessoas distribuírem.
Eu vivi isso e hoje sei o quanto pode ser diferente e gratificante alcançar mais pessoas, por isso eu convidei a pessoa que me ensinou e me “chamou de maluca” para dar uma palestra aqui para comunidade do Jung na Prática.
Então, se você quiser aprender uma maneira diferente de comunicar o seu trabalho, conhecer uma maneira respeitosa de divulgação e entender como fazer uma venda humanizada, te convido para estar comigo numa palestra online que acontecerá 5ª feira dia 08/02 as 20ho0 com o tema: Comunicação Humanizada para Terapeutas: Aula Prática com Método Replicável.
Eu trarei o fundador da Comunicação Humanizada para nos ensinar aquilo que não aprendemos em nossas formações, que é ajudar as pessoas “da porta para fora”, comunicando o que fazemos de maneira íntegra, respeitando os nossos valores e a ética da profissão.
É um convite para um universo diferente. Você vai se deparar com algo novo, desconhecido e certamente, muitas possibilidades irão surgir e um trabalho interno de autodescobrimento vai nascer.
Vamos juntos?
>>QUERO ME INSCREVER PARA PARTICIPAR DA PALESTRA <<
Referências:
Jung, C.G. A Natureza da Psique, VIII/2, Ed. Vozes, 2000.
Jung, C. G. Memórias Sonhos e Reflexões. Ed. Nova Fronteira, 1983.
Jung, C. G. O Cristianismo em Jung, Editora Vozes, 2015
Muito bom esse texto. Vou assistir a palestra. Descobrir novos horizontes, ampliar a comunicação de forma assertiva e clara.
Seu texto é muito bom, gosto da sua simplicidade, já falei isto outras vezes.
Eu também gosto de pintar quadros. Sou aposentada, em setembro faço 65 anos. Posso me dedicar com carinho a minha segunda profissão. Me formei em Arteterapia em 2016, também fiz pós-graduação em Psicanalise pela Universidade Santa Úrsula RJ. Vou fazer o curso para melhorar a clientela em meu consultório. Pois isto é minha dificuldade.
Vou me inscrever embora já tenha feito outros cursos online não satisfatório.
Já fiz Salto Quântico turma 6 e Vida sem Câncer. Mas este seu tema me interessa bastante.
Obrigada pela oportunidade de realizar minha missão, meu chamado. Gosto de me atualizar