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Defesa e Personalidade Patológica | Psicopatologia Simbólica – Parte 3

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Gravidade das defesas

Defesa e Personalidade Patológica

Nesse artigo você verá:

  • As Defesas
  • A Defesa Psicopática e a Sombra
  • Defesa Neurótica
  • Defesa Psicopática
  • Defesa Borderline
  • Defesa Psicótica
  • Três Fases da Elaboração Terapêutica das Defesas
  • Conclusão

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As Defesas

Podemos classificar a gravidade das defesas em função da relação da Sombra com a Consciência em quatro níveis: defesa neurótica, psicopática, borderline e psicótica.

Essa conceituação pela Psicologia Simbólica reúne toda a semiótica da psicopatologia num sistema defensivo quaternário, que permite a interação psicodinâmica de todos os quadros clínicos, em função da sua natureza e gravidade, sejam eles funcionais, orgânicos ou devido a adições.



A inclusão das defesas psicopática, borderline e psicótica no sistema defensivo unificado permite-nos perceber sua psicodinâmica defensiva, ao lado da dos quadros neuróticos, expressando a Sombra.

As defesas psicopática, borderline e psicótica não têm sido reconhecidas como defesas, por serem descritas principalmente em casos extremos de pacientes institucionalizados.

O diagnóstico da esquizofrenia estabelecido por Kraepelin, por exemplo, inclui a incurabilidade, o que contraria, até mesmo, o progresso da Medicina. Guggenbühl (1980) faz o mesmo com a psicopatia.

Isso é lastimável, porque impede a percepção de casos menos graves, que são muito mais numerosos e permitem estudar seu desenvolvimento a partir do normal, condição essencial para sua profilaxia e tratamento precoce.




Imagine-se o diagnóstico do câncer sendo descrito exclusivamente em pacientes com metástases, o quanto prejudicaria o seu tratamento precoce.

Necessitamos, por isso, diferenciar o conceito de defesa, que varia dos casos mais leves até os mais graves, do conceito de personalidade patológica, que é sempre extremamente grave.

A Defesa Psicopática e a Sombra

Quando falamos de defesa psicopática, por exemplo, podemos descrever desde a Sombra Circunstancial de um adolescente que está se acostumando a mentir, até a Sombra Cronificada de estelionatário crônico grave ou, mesmo, um criminoso homicida para quem temos a categoria de personalidade psicopática, na qual a defesa psicopática abrange uma parte dominante do Self Individual.



Defesa Neurótica

Nela, a Sombra é expressa dominantemente de maneira inconsciente, mas, conforme é confrontada, torna-se mais consciente.

As inadequações existenciais da sua atuação defensiva são geralmente relatadas pelos que sofrem suas conseqüências e raramente são percebidas no início por quem as atua. A culpa gerada propicia o confronto com a Sombra em grau variável.

Essas defesas inconscientes podem expressar-se em todas as dimensões simbólicas, causando diversos sintomas e sofrimentos, que levam as pessoas a buscar ajuda.

A personalidade apresenta-se mais ou menos dividida, e sua capacidade criativa comprometida, devido à carga energética e à importância dos símbolos e complexos fixados.

A produtividade da personalidade é assegurada pelas funções estruturantes normais, mas, em algumas áreas, também pelas funções estruturantes fixadas, que, mesmo defensivas, como a defesa compulsivo-repetitiva, podem canalizar-se para o trabalho.

A medicação ansiolítica e antidepressiva, quando indicada, pode ajudar nesta elaboração.

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Defesa Psicopática





Tem sido a menos reconhecida na psicopatologia dinâmica por ter sido descrita em casos extremos de marginalidade.

Porém ela é tão freqüente quanto a defesa neurótica, encontrando-se praticamente em todas as pessoas e instituições.

A fixação que a origina está geralmente nos contextos de abandono, abuso, permissividade exagerada e falta de limites.

Isto explica sua freqüência tanto em crianças de rua, quanto naquelas de famílias abastadas com pais ausentes ou que as mimam e superprotegem.

Nesta estratégia psicopatológica, as fixações da polaridade Ego-Outro da Sombra englobam em grau acentuado tanto a função estruturante volitiva quanto a da ética.

Assim, o que diferencia a defesa psicopática da neurótica é a intenção.

A defesa psicopática caracteriza-se pela atuação intencional, dolosa, da Sombra.

Dependendo da dimensão simbólica em que ela atue, encontramos defesas psicopáticas perversas, delinqüenciais, de distúrbios alimentares, de drogadição e outras.

Pelo fato de esta defesa fixar a função ética com a função volitiva, o sofrimento e a culpa necessários para confrontar a Sombra ficam cerceados, dificultando muito a elaboração da fixação.

Freqüentemente, a volição defensiva é dirigida sub-repticiamente contra o confronto da Sombra, invalidando qualquer iniciativa terapêutica.

Nesse caso, o paciente buscará terapia para continuar atuando sua defesa e disfarçando sua intenção doentia.

A fixação da função ética ao lado da função volitiva dá a falsa impressão de que na psicopatia não existe ética.

Porém, quando empatizamos com as fixações destes pacientes, vemos que sua função ética existe em grau até considerável, mas deformada pela fixação, autorizando e até recomendando que pratiquem a agressividade e a transgressão destrutivas, além da perversão.

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Defesa Borderline

Trata-se de um estado fronteiriço com a psicose, no qual o sistema defensivo dirige-se em grande parte para evitar a invasão da defesa psicótica.

Por isso, as personalidades com essa defesa são, geralmente, muito criativas e inventam condutas bizarras e expedientes estapafúrdios para atuar a Sombra sem psicotizar.

A medicação antipsicótica pode diminuir muito o medo da invasão psicótica, permitindo a elaboração de problemas graves, que, quando não acompanhados da defesa psicopática, tornam-se mais acessíveis para ser elaborados.

O prognóstico da psicoterapia desta defesa, aparentemente, é pior do que o da psicopática, mas, na realidade, pode ser muito melhor, quando o comprometimento defensivo ético não domina a função volitiva.

Defesa Psicótica




 

Nesta estratégia psicopatológica, a polaridade Ego-Outro da Sombra irrompe e domina em maior ou menor grau as funções estruturantes normais.

Quando aguda, a conduta básica para confrontar esta defesa é a psicofarmacológica, mas uma atitude acolhedora, com intensa empatia, pode, mesmo no surto psicótico, ser decisiva para a aceitação do tratamento pelo paciente.

A sua forma crônica ocorre geralmente na esquizofrenia, e aqui a empatia simbólica é insubstituível para tentar compreender o mundo individual extraordinário construído pelo paciente e buscar mantê-lo humanizado e minimamente medicado para evitar a impregnação medicamentosa exagerada.

Como demonstrou a Dra. Nise da Silveira, o emprego de técnicas expressivas como parte da terapia ocupacional simbólica possui valor inestimável para continuar a elaboração simbólica do processo de individuação, mesmo que seja dentro de um universo paralelo.



Três Fases da Elaboração Terapêutica das Defesas

A primeira fase da terapia de uma defesa caracteriza-se pela dificuldade do paciente perceber que seus sintomas, seus complexos patológicos, aos quais ele e o terapeuta se referem, funcionam na sua vida psíquica, dominando inconscientemente sua Consciência contra sua própria vontade nos casos de defesas neurótica, borderline e psicótica.

Com o desenvolvimento da confiança e da intimidade essenciais à aliança terapêutica, a melhor técnica expressiva para começar a vivenciar conscientemente a Sombra é dar voz ativa psicodramaticamente à polaridade Ego-Outro nela fixada.

Estabelecida alguma clivagem entre as duas polaridades Ego-Outro, inicia-se a segunda fase da elaboração da defesa: o confronto dialético entre a Consciência e a Sombra e o resgate da função ética paralisada pela fixação.

O grande perigo desta fase é serem, terapeuta e paciente, engolfados pela defesa da racionalização, falando de defesas e da Sombra, sem, contudo, vivenciá-las.

A terceira fase é sua integração na vida como função estruturante normal, sem o que o resgate da fixação da polaridade Ego-Outro na Sombra, a cura, do ponto de vista simbólico arquetípico, não se completa.

Conclusão

Com o passar do tempo, em momentos de stress, nos quais são ativados os símbolos que foram fixados e defensivamente condicionados, pode ocorrer uma regressão e a atuação defensiva da Sombra.

O conhecimento deste fenômeno, porém, evita a cura onipotente e presta-se à nova elaboração do sintoma, geralmente muito mais rápida e produtiva que a anterior.

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