Quando olhamos para um recém-nascido costumamos achar graça em seu sorriso espontâneo. Na verdade faz apenas alguns anos que a ciência comprovou que os lindos bebes não enxergam os detalhes, mas sim grandes borrões coloridos! Porém sorriem… o que será que estão sentindo nestes momentos? Eles talvez não possam explicar ainda, mas, será que os adultos monitoram seus próprios sorrisos?
Sorrir, chorar, gritar… será que sempre pensamos para reagir com alguma destas expressões? A parte de simples reações biológicas motoras ou sensitivas, estas expressões são carregadas de emoção e aqui se encontra o caminho que leva ao armazenamento da psique.
Algumas vezes naquela entrevista de emprego onde o aperto de mão deve ser acompanhado do olho-no-olho e um breve e assertivo sorriso; talvez o grito inesperado, assustado, ecoando como uma estranha voz aguda, quando caminhando na calçada aparece do nada o cãozinho estirado no canteiro da arvore, expressão muda do abandono urbano. Mas as lagrimas insistem em escorrer pela face precedendo o choro na grandiosa Catedral ouvindo as belíssimas apresentações natalinas.
Nem sempre conseguimos sorrir quando talvez fosse o momento de fazê-lo, pois uma sutil conexão entra em cena para suavemente barrar este processo e dissolvendo a atitude voluntária, tomando na surdina o controle da resultante, que poderá ser o inverso do esperado. Contemos que as células neuronais formando complexas redes de comunicação contidas em todo o sistema nervoso que faz esta intrínseca conexão entre o sorrir e o quero ou não sorrir, não estão devidamente estimuladas para sorrir. E o que terá ocorrido pode não estar na primeira opção – mas certamente oculto na mente inconsciente, reservatório de vários universos, pai de todas as “matrix”. Sim, é ele, o “inconsciente”, que poderá ou não “startar” este processo que de certa forma é automático. Mas nem sempre funciona assim: a sobreposição de experiências vividas poderá em algum momento funcionar como um peso que poderá até reger a atitude. Pois o inconsciente somente está agindo porque armazenou conteúdos conscientes… “Não há um conteúdo consciente que não seja inconsciente sob outro aspecto”
(JUNG, 1991)
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Um passeio pela Saude Mental
A Saúde Mental atualmente representa uma parcela significativa das doenças que acometem adultos produtivos. Com a reformulação de nossa sociedade, globalização e acúmulo de tarefas cotidianas, o estresse vem pouco a pouco sendo um dos fatores determinantes do desencadear de doenças e interferindo também com o sistema imunológico (aumento de doenças auto imunes). Atua diretamente na parte psíquica tanto nos distúrbios comportamentais quanto na química cerebral. A cobrança social também interfere neste desencadear de “atitudes automáticas” que geram emoções reprimidas e experiências acumuladas sem vivencia ou depuração das mesmas. O que se pode esperar com isso? Um sorriso, um choro, um grito que não carregam a emoção verdadeira e muitas vezes mascaram o conteúdo inconsciente, expressões faciais, atos mecanizados que parecem não querer obedecer a “sincronicidade” presente e interligada globalmente; pois uma das reflexões de Jung (1991) já constatava que um ou dois indivíduos dotados de intuição particularmente poderosa tomam consciência de mudanças ocorridas no inconsciente coletivo e traduzem em idéias comunicáveis.
Assim, o ser humano precisa parar um breve momento e se perguntar porque está se afastando cada vez mais de si próprio a medida que “evolui”, obedecendo a entropia social que fagocita seu eu verdadeiro, criando pouco a pouco uma humanidade em série, quase incapaz de intuir antes de agir, tornando se menos senhor de suas atitudes. E o que temos aqui poderá ser chamado de sensatez oculta? Talvez o poeta expresse mais refinadamente com sua sensibilidade e intuição no poema abaixo o que traduz um pouco deste fluir, que parece as vezes, querer deixar de existir.
“Este é um poema normal.
Está certo,
Como outro qualquer.
Sou eu o anormal que viajo por uma interminável curva de Ebbinghaus intoxicado de ti.
Necessito de uma fuga.”(ORTIZ,2017)
RESGATE
A complexidade do entorno já é grande em demasia, então procuremos simplificar o processo, aprender a sentir no coração antes de agir; aquela talvez esquecida inspiração de um átimo de segundo que pode modificar pessoas e destinos, resgatar a emoção genuína para aquele momento de vida, que lembrando, é único.
E cada vez mais os antigos padrões de normalidade se mesclam aos antigos padrões da loucura, tudo fruto de uma inversão social, busca desenfreada pelo sucesso, poder e beleza, expressa também nesta fala do artista que encontrou na arte o equilíbrio para sua doença mental: ”As pessoas que estão inseridas nos padrões de normalidade não dão credibilidade a um “louco”, pois a sociedade se baseia na estética e tem receio de possíveis agressões”(AVRAHAM, 2017)
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Um sorriso aberto, saudável, espontâneo pode recuperar uma situação perdida, ele devolve a sua autoestima, sua identidade que também é única; também sintoniza a emoção com a razão, devolutivo da Sincronicidade Junguiana.
A Saúde Oral em equilíbrio tem se mostrado como um dos fatores determinantes do aumento de auto-estima em pacientes sob tratamento psicológico continuo sendo uma vertente no âmbito multidisciplinar para a estabilização psíquica. A satisfação com sua autoimagem, a possibilidade de mastigar a maior parte dos alimentos, poder ter a fala harmonizada, tudo corrobora positivamente para a reconexão das partes do ser integral.
A Saúde Bucal no Transtorno Mental exige uma ponta de conhecimento do universo psíquico do cirurgião dentista, que deverá ter um mínimo conhecimento sobre as drogas psicoativas e seus efeitos sistêmicos na cavidade bucal além de aprender sobre os estados comportamentais desses pacientes para ganhar sua confiança no tratamento odontológico.(Vendola e Roque Neto, 2008)
O grande inconsciente coletivo que semeia ideias luminosas por todo nosso planeta merece ter sua Sincronicidade mantida, recuperada, descoberta ou devolvida pela colaboração de um de seus fios de luz: a saúde oral equilibrada, da auto-estima recuperada através do sorriso.
Bibliografia
JUNG, C. G. “A Natureza da Psique”. 1991. P135, Ed Vozes
JUNG, C. G. “A Natureza da Psique” 1991. P269, Ed Vozes
ORTIZ ,F.C. “O desafio de existir-100 poemas de amor e uma canção desesperada-”.poema 26 pag 53,São Paulo;Ed Elaine Gardinali,2017
AVRAHAM ,K. “A arte da loucura ou a loucura da arte?” em Ocupação Nlse da Silveira.pag 60,São Paulo;Itau Cultural,2017
VENDOLA,M.C.C. e ROQUE NETO,A. “Cap. VII-Transtornos Psiquicos no paciente idoso” em Bases Clinicas em Odontogeriatria,pag 174;São Paulo,GEN Editora,2008
Cecília , parabéns pelo seu texto , e concordo plenamente q a saúde bucal trás uma grande auto estima , nos dando coragem de sorrir c sinceridade .
O texto é precioso ao nos relembrar que somos um todo, composto de partes igualmente importantes. E como a saúde bucal influencia o nosso equilibrio nesse tripé físico, psíquico e emocional.
Cecilia
E um texto de muita potencia em cada palavra o tema propõem uma grande reflexão sobre este ato de sorrir .
Neste mundo de caos constante onde construímos nossas orbitas de proteção tentando se afastar de possíveis riscos ate por sobrevivência onde a convivência com o outro se distancia e a grande ausência de sorrisos o mundo acaba se tornando mais frio .
A epidemia do seculo se aproxima que e a Depressão e este mundo mais triste esta por vir , ela chega devagar e quando percebe e bem maior e os danos colaterais são incalculáveis .
Sorrir representa muito mais que palavras bonitas e uma demostração de afeto ao outro .
Quem sabe estimular mais sorrisos torne nossos dias melhores mais coloridos .
E uma bela proposta este seu belo texto.
Gratidão pelos carinhosos comentários que incentivam estes estudos que visam mostrar o inconsciente de forma mais fidedigna pelo sorriso,unindo a saude oral e a psique…e como reiterou nosso colaborador Kayky,ja entramos em um tempo onde os sorrisos serão os faróis da alma…
É um prazer te ter como colaboradora, Maria! Continue com o ótimo e maravilhoso trabalho!
Obrigada lindo trabalho .
Vamos procurar sorrir para a vida….poderemos resgatar nossa leveza original!
[…] quinta diferença é que existe uma grande separação conceitual entre a Sombra e o inconsciente, pois a Sombra e seus complexos podem ser conscientes e inconscientes. Por conseguinte, o […]