O que Jung diria num ano novo?
Às vezes me pergunto, quais eram os pensamentos de Jung quando um ano novo se iniciava?
Jung se estivesse vivo, provavelmente concordaria com a poesia de Drummond:
“Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre”.
Penso que é dentro de nós que o ano novo espera ansioso por realizar ações diferentes do passado e gerar novos horizontes.
Mas porque será que as metas estabelecidas nem sempre são razoáveis?
E quando o estabelecido não acontece, culpamos a todos e a tudo, menos a nós mesmos, e por quê? Talvez esta frase “Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta” de C.G.Jung possa ajudar a compreender melhor este mecanismo.
O dia a dia é feito de incertezas, portanto, o controle não existe, afinal, frente a cenários de tantas mudanças, o ensinamento é de que é preciso saber lidar com algo que não pode ser tocado, de que nada é totalmente certo. A certeza é algo que escapa a todos. Neste movimento contínuo das incertezas, que na maior parte do tempo se comporta de forma sutil e delicada, mas às vezes nos pega de forma inesperada, impondo-se e transformando a realidade, nos perguntamos:- e aí, o que podemos fazer?
Primeiro; inspire, expire e não pire.
Depois questione se as metas estabelecidas para o ano são próprias ou são externas a você. São autênticas na possibilidade da sua realização ou são devaneios provocados pela necessidade de atender o externo, ou por que é início do ano? Então vamos fazer a lista.
“Uns sapatos que ficam bem numa pessoa são pequenos para outra; não existe uma receita para a vida que sirva para todos”. C.G.Jung
E o que fazer então? “Lembrar-se da capacidade para realizar depende de um alto nível de conhecimento de si mesmo e de compreensão das razões para o seu próprio comportamento, ou seja, um ego auto reflexivo”. Stein, p.29
E neste estado de consciência, estarmos dispostos a expandir a percepção. Lembrando que os resultados nada mais são do que a intensa elaboração de suas partes. Coisas acontecem apesar de querer ou não. Não há como controlar isso. É aceitar a liberdade que a incerteza está disposta a nos oferecer a cada dia, afinal, “até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir a sua vida e você vai chamá-lo de destino”. C.G.Jung
O que Jung diria? Bom, certamente essa mente brilhante nos surpreenderia e não me arrisco a supor tais palavras. Pensar nisso me levou a refletir e, como sua aluna, me sentindo acolhida pelo maravilhoso conhecimento que ele nos deixou, penso que é um momento de uma busca pelo contato com o self, aquilo que temos de mais íntimo e profundo.
Um feliz 2017 para todos que circulam por aqui. Ele será diferente, com certeza, por que nós o faremos assim. Porque depende exclusivamente de nós e porque somos um campo de muitas possibilidades basta olharmos para dentro.
Bibliografias
ANDRADE, Carlos Drummond de , Receita de Ano Novo. Editora Record. 2008.
STEIN, MURRAY – Jung: o mapa da alma: 5ª ed. São Paulo: Cultrix, 2006.